tag:blogger.com,1999:blog-21629999832653953612024-03-14T02:01:45.861-07:00Qualidade de vida ... ao fim da vida!Neste Blog irei tentar descrever como é o meu dia-a-dia.
Atendo pacientes com Câncer, realizando o Cuidado Paliativo.
Os nomes serão fictícios para que não ocorra constragimento, porém os relatos não, usarei a razão e principalmente... meu coração.Samyra Figueirahttp://www.blogger.com/profile/08462601731753350781noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-2162999983265395361.post-30665511236892140112011-05-05T18:18:00.000-07:002011-05-05T18:18:56.847-07:00Ela se foi!<div style="text-align: justify;">Essa paciente lembro-me bem como a conheci, foi umas das primeiras, na verdade foi a segunda.</div><div style="text-align: justify;">Conheci há 3 anos atrás e foi a paciente no qual tive mais contato.</div><div style="text-align: justify;">Ela veio com o diagnóstico de mieloma múltiplo, bem ativa sem comprometimento motor, nem respiratório.</div><div style="text-align: justify;">Na verdade havia um cansaço intenso, que a impedia de andar até pela sua casa, havia também uma simulação de morte.</div><div style="text-align: justify;">Quando ela simulou pela primeira vez para mim foi apavorante!</div><div style="text-align: justify;">Chamei ambulância até o médico achou que ela estava morrendo, quando seu esposo falou que sua psiquiatra disse que isso poderia acontecer.</div><div style="text-align: justify;">Nossa desabei, achei que era verdade e era mentira, simulava sua própria morte, nunca vi isso!</div><div style="text-align: justify;">Até que aconteceu realmente... e dessa vez foi até dificil acreditar que ela estava indo mesmo e... se foi... </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Samyra Figueirahttp://www.blogger.com/profile/08462601731753350781noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2162999983265395361.post-14855682572758329232011-04-17T17:40:00.000-07:002011-04-17T17:40:25.367-07:00Como lidar com a Morte.<div style="text-align: justify;">Lidar com morte não é fácil.</div><div style="text-align: justify;">Não existe receita de bolo!</div><div style="text-align: justify;">Percebi que para alguns parentes próximos, é uma enorme tristeza, um vazio, e para outros, acreditem, é um alivio.</div><div style="text-align: justify;">As situações são as mais inesperadas. Um dia uma filha relatou que seu pai não podia morrer pois ele era a única fonte de renda da família, numa outra foi relatado que era melhor morrer logo pois seu seguro iria salvar as finanças.</div><div style="text-align: justify;">A minha percepção de todas essas experiências é que temos muitas famílias doentes, mais até que o próprio doente.</div><div style="text-align: justify;">Não há duvida que existem as famílias, vamos classificar como normais, choram, entristecem, vivenciam o luto.</div><div style="text-align: justify;">A minha experiência ao deparar com a morte nas minhas mãos foi inexquecível.</div><div style="text-align: justify;">Lembro-me que a paciente quando fui atendê-la estava muito mal, sinais vitais fora do padrão normal, após uns trinta minutos ela faleceu na minha presença.</div><div style="text-align: justify;">A família entrou em pânico no momento, antes era uma avó dentro de casa, agora se tornou um corpo.</div><div style="text-align: justify;">A filha gritava muito, outra muito quieta, netos sem entender o que estava acontecendo, estava muito confuso, saí de seu domicilio pois minha missão acabou, entrei no táxi e fui para outro paciente, detalhe essa era a primeira do dia.</div><div style="text-align: justify;">Meu sentimento no momento foi de agradecimento por conseguir oferecer algo, mesmo pouco.</div><div style="text-align: justify;">Alegria por ela ter feito sua partida, sem dor, sem gemer, simplesmente... foi!</div><div style="text-align: justify;">Fiquei espantada como lidei com a morte, a situação da paciente ficou na casa dela, não levei tristeza, nem emoção, recordo somente que fiz uma prece para os espíritos que eles pudessem socorrê-la, abraçá-la e acompanhá-la ( sou espirita, acho que é por isso que lido bem com a partida, bem, acho que sim!!!).</div><div style="text-align: justify;">Fechando os olhos recordo de seu rosto até hoje.</div><div style="text-align: justify;">Como comecei o texto: Lidar com a morte não é tão fácil!!!</div>Samyra Figueirahttp://www.blogger.com/profile/08462601731753350781noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2162999983265395361.post-39456813128371132262011-04-16T19:12:00.000-07:002011-04-16T19:12:12.280-07:00O primeiro paciente.<div style="text-align: justify;">O primeiro paciente não dá para esquecer. </div><div style="text-align: justify;">Ela parecia ser uma mulher linda, devido o formato do rosto, porém naquele momento estava careca, pele muito ressecada e amarelada devido a ação da QT (essa sigla vocês vão se acostumar é referente a Quimioterapia), olhar fundo e vazio, entristecida, acompanhada pelo seu esposo ( médico aposentado, ciente de tudo).</div><div style="text-align: justify;">A paciente estava desorientada devido as MTX (metástases cerebrais).</div><div style="text-align: justify;">Quando cheguei, não sabia como iria encontrar a paciente, tinha um resumo do caso em mãos, mais pessoalmente é muito diferente.</div><div style="text-align: justify;">Até hoje fico na expectativa, sempre tem alguma coisa que marca o atendimento, as vezes a propria paciente, esposo, filhos, questões familiares, organização do domicilio, cuidadores contratados, tem sempre algo!</div><div style="text-align: justify;">No caso dela foi a sua casa, muito bem organizada apesar de seu esposo ser idoso (85 anos), a paciente muito limpa, bem cuidada, tinha uma cuidadora que era supervisionada pelo esposo (tratava a cuidadora bem, mais ficava fiscalizando tudo que ela fazia).</div><div style="text-align: justify;">A primeira coisa que seu esposo relatou: </div><div style="text-align: justify;">- Ela não sabe que está com a doença tão avançada, vamos preservar isso, penso em colocá-la numa casa de repouso, estou muito cansado, afinal já estamos nessa há mais de 3 anos, foi bom você está aqui ela não sai mais da cama.</div><div style="text-align: justify;">Percebi que a ansiedade dele era imensa a começar pela recepção, falou sem parar.</div><div style="text-align: justify;">Quando fui atender a paciente o seu olhar me chamou atenção e com muita dificuldade ela me disse sussurrando: </div><div style="text-align: justify;">- Não aguento mais! Estou entregando os pontos!</div><div style="text-align: justify;">Nesse momento decobri o porque de tudo, necessitava da minha presença, acamada sem movimentação nenhuma, seu corpo estava todo dolorido pela falta de movimentos, não é pq ela não queria era pq não conseguia, era dificil mudar de posição na cama, faltava força.</div><div style="text-align: justify;">O meu objetivo ali era devolver essa autonomia, pouca coisa, mais era muito importante para ela.</div><div style="text-align: justify;">Trabalhei com ela por volta de 2 meses e ela veio a falecer.</div><div style="text-align: justify;">Morrer com dignidade, com o tratamento até o final.</div><div style="text-align: justify;">Tudo foi feito, claro que nada em relação ao câncer, mais em relação a qualidade de vida e foi feito até o fim.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Samyra Figueirahttp://www.blogger.com/profile/08462601731753350781noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2162999983265395361.post-1452643935615289692011-04-15T19:27:00.000-07:002011-04-15T20:12:28.293-07:00Quando começou... 2008<div style="text-align: justify;">Tudo começou quando mudei para o Rio de Janeiro em 2008, cheguei sem emprego e totalmente <strong>decepcionada </strong>com a Fisioterapia.</div><div style="text-align: justify;">Trabalhava na minha cidade natal, Barra do Piraí como Fisioterapeuta em todas as áreas (RPG, Pilates, Traumato Ortopedia, Respiratória, Pediatria, ou seja, em tudo).<br />
Não estava feliz!</div><div style="text-align: justify;">Mudei para o RJ com meu marido e com 2 filhos nos braços, sem emprego.<br />
Na verdade, não estava preocupada com isso, meu objetivo era cuidar das crianças... ledo engano!</div><div style="text-align: justify;">Recebi um telefonema de uma <strong>GRANDE </strong>amiga e... quatro meses depois, estava trabalhando em Cuidados Paliativos em Oncologia, como fisioterapeuta formada há 10 anos nunca pensei nisso.</div><div style="text-align: justify;">As dúvidas apareceram...</div><div style="text-align: justify;">Como a Fisioterapia atua? </div><div style="text-align: justify;">O que fazer ? O paciente está morrendo?</div><div style="text-align: justify;">Eu aprendi na faculdade REABILITAR e agora o que REABILITAR, senão tem mais jeito?</div><div style="text-align: justify;">então...mais a vida nos leva para a felicidade.</div><div style="text-align: justify;">Amo o que faço, vamos lá!!!</div>Samyra Figueirahttp://www.blogger.com/profile/08462601731753350781noreply@blogger.com0